Shavuot (Pentecostes) é uma das Festas de Peregrinação, junto com Pessach (Páscoa) e Sucot (Tabernáculos). Na época do Templo, estas festividades eram celebradas em Jerusalém, à qual chegavam judeus de todas as partes de Israel e dos países vizinhos, especialmente para comemorar a ocasião.
Shavuot era conhecida por diversos nomes, inclusive Festa das Semanas (Chag ha-Shavuot), Festa das Primícias (Chag ha-Bicurim) e Festa da Colheita (Chag ha-Catsir). Cada um destes nomes é um reflexo da natureza agrícola da festa, que era celebrada no fim da primavera, quando a nova colheita de trigo era colhida, oferecendo um sacrifício especial de agradecimento no Templo.
Shavuot cai no dia seis de Sivan, sete semanas e um dia, isto é, 50 dias depois do primeiro dia de Pessach/Pascoa. Por isto, tornou-se intimamente ligada a esta festa. O Talmud considera Shavuot uma festividade que encerra o Pessach, e até se refere a ela pelo nome de Atséret, que significa “conclusão”.
Hoje em dia, nos serviços religiosos de Shavuot na sinagoga, se lê o Livro de Rute (Ruteé a mulher moabita cuja lealdade ao Judaísmo se tornou notória). No final do século XIX, o Judaísmo reformista introduziu a Cerimônia de Confirmação no serviço de Shavuot. Hoje em dia, nas congregações reformistas, conservadoras e até mesmo em algumas ortodoxas, esta é uma ocasião em que as meninas e os meninos, em geral de treze a dezesseis anos de idade, confirmam sua lealdade ao modo de vida judaica.
Por que se comemora Shavuot?
Na Bíblia existem diversas referências à festividade que nós denominamos Shavuot ou Pentecostes, celebrada no sexto dia do mês hebraico de Sivan (maio-junho).
Em Êxodo 23:16, se ordena aos israelitas que observem “a festa da ceifa, que é das primícias de teus trabalhos, do que semearás no campo”. Esta festividade é citada de novo em Êxodos 34:22 como “a festa das semanas”, a festa dos dois Paes das primícias da ceifa de trigo... No livro de Números 28:26, ela é mencionada como “o dia das primícias” (Iom Habicurim) e “festa das semanas”. E em Deuteronômio 16:10-12 é dado o motivo para a sua observância: “E recordar-te-ás que servo foste no Egito”.
De acordo com a descrição desta festa na Mishná (Bicurim 3), o povo das aldeias, em Israel, reunia-se na maior cidade do seu distrito, levando com eles as primeiras frutas maduras dos seus campos. Daí eles prosseguiram a pé para o Templo de Jerusalém, onde eles deixavam suas oferendas e eram bem-vindos com cânticos pelos levitas. A Bíblia não relaciona Shavuot com a entrega da Torá no Monte Sinai.
Outros nomes da Festa:
1- Chag Ha-Bicurim: Chag Há-Bicurim (Festa das Primeiras Frutas) é o nome pelo qual a festa de Shavuot é chamada em Números 28:26. A nova colheita de trigo era colhida nestes dias do ano, e a farinha obtida era levada ao sacerdote como uma oferenda.
2- Chag Ha-Catsir: A festividade de Shavuot, que se celebrava quando os primeiros frutos da colheita eram dados como oferenda, é mencionada na Bíblia (Êxodo 23:16) como Chag Ha-Catsir (Festa da Colheita). Dois pães cozinhados com a farinha da nova colheita eram entregues no Templo nesta ocasião, para servirem de oferenda especial.
Por que Shavuot é denominado de Pentecostes?
Pentecostes é uma palavra grega que significa “a festividade de cinqüenta dias”. Shavuot ocorre no qüinquagésimo dia após o primeiro dia de Pessach/Pascoa. Por que algumas pessoas permanecem acordadas durante toda a noite de Shavuot?
Os cabalistas foram os primeiros a introduzir o costume de passar a noite de Shavuot orando e estudando, para estarem preparados espiritualmente para a festividade que comemora a entrega da Torá ao povo judeu. O costume se baseia numa antiga lenda que conta que os filhos de Israel foram mantidos acordados por trovoes e relâmpagos, enquanto Moisés estava no Monte Sinai recebendo a Torá.
O costume de ficar acordado é chamado Ticun Shavuot, ou seja, “preparar-se (aperfeiçoar-se) para Shavuot”. Entre os assuntos estudados, encontram-se seleções da Bíblia, do Talmud e do Zohar, alem de orações e piutim (poesias religiosas)
Por que se observa Shavuot em Israel por um dia e por dois dias na diáspora?
A Bíblia (Levítico 23:15-16) descreve Shavuot como uma festividade de um só dia. Do mesmo modo que ocorre com as outras festividades, as comunidades fora de Israel tradicionalmente comemoram Shavuot por um dia a mais, em virtude das incertezas do calendário.
Existe uma versão segundo a qual Shavuot sempre foi observado como uma festividade de dois dias. Ela está baseada na diferença de opiniões expressa no Talmud (Shabat 86b) a respeito de se a Torá foi entregue a Israel no sexto ou no sétimo dia de Sivan. Extraem-se evidências do fato de que a festividade é mencionada como Zeman Matan Toratênu, a “época da entrega da nossa Torá”, e não como o “dia” da entrega da Torá.
Por que se lê o livro de Rute na sinagoga durante Shavuot?
Diversos motivos têm sido apresentados para este costume:
1- A história de Rute e Boaz ocorre durante a primavera, na época da colheita, que é quando cai Shavuot.
2- Rute foi antepassada do rei David. Conforme uma tradição citada no Talmud, David nasceu e morreu em Shavuot.
3- Dado que Rute expressou sua lealdade à Torá, convertendo-se ao Judaísmo, é adequado que se leia a história da vida dela em Shavuot, a festividade da Torá.
A História de Rute
A história de Rute, de Moab, é uma das mais bonitas de toda a Biblia. Descreve a amizade, o amor e a dedicação de duas mulheres — Rute e Noemi. Exalta a lealdade — lealdade à própria família. Essa lealdade planta nos seres humanos a semente da confiança e da fé que uns têm nos outros. E da semente da lealdade nos seres humanos uns para com os outros, cresce a sólida lealdade do homem para com Deus. Enquanto viverem, os homens vibrarão com as palavras de Rute, a viúva do filho de Noemi:
“Não me instes para que te deixe, e volte e não te siga:
Porque, aonde quer que fores, irei eu;
Onde quer que pousares, pousarei eu;
O teu povo será o meu povo,
E o teu Deus, o meu D´us...”
Costumes da Festa
1- O costume de comer produtos à base de queijo em Shavuot tem sido explicado de diversas maneiras. Uma é que os alimentos lácteos (e mel) devem ser comidos na data em que a Torá foi recebida no Monte Sinai porque, no Cântico dos Cânticos, as palavras “tens leite e mel sob a língua” (4:11) têm a implicação de que, assim como o leite e o mel, as palavras da Torá são prazerosas e fazem bem a nossos espíritos.
Outra explicação sugere que encontraremos a base deste costume em Êxodo 23:19: “O princípio das primícias de tua terra trarás à casa doEterno, teu Deus. Não cozinharás cabrito com o leite de sua mãe”. Na primeira parte deste versículo, os “primeiros frutos” se referem a Shavuot. Na segunda parte, a carne (o bezerro) e o leite significam que os dois pratos principais servidos na refeição festiva devem ser, primeiro, um prato lácteo e em seguida um à base de carne.
Uma terceira versão baseia-se na lenda que conta que, quando os israelitas chegaram em suas moradias após receberem a Torá no Monte Sinai, eles tiveram pouco tempo para preparar uma refeição de carne (pois leva tempo para abater um animal de modo casher). Em vez disto, eles se apressaram em preparar uma refeição láctea, que podia preparada mais rapidamente.
2- Tradicionalmente, se servem dois blintzes de queijo em Shavuot. Os dois blintzes representam as duas tábuas da lei (os Dez Mandamentos). O queijo é comido tradicionalmente em Shavuot, conforme explicado acima.
3- A sinagoga é decorada com ramos e folhas verdes. Conforme uma antiga tradição, o Monte Sinai já foi uma vez uma montanha verde com árvores e arbustos. Esta tradição conduziu ao costume de decorar a sinagoga com folhas e ramos, um costume desaprovado por algumas autoridades antigas, que a consideravam uma imitação de certos da Igreja e costumes em lares cristãos, tais como árvore de Natal, coroas de flores, grinaldas, etc.
Apesar desta desaprovação inicial, as sinagogas e os lares em Shavuot são decorados com plantas, flores e ramos de flores, o que enfatiza a origem agrícola desta festividade.
Fonte = http://www.casaisrael.com/